A sustentabilidade na suinocultura traz benefícios para o meio ambiente, economia para o empreendedor e o bem estar dos animais.
Quando pensamos em gestão sustentável no meio rural, poucos setores demonstram um avanço tão significativo nesse sentido quanto a suinocultura. Essa atividade é conhecida historicamente pelo impacto negativo que causa no meio ambiente, já que os dejetos produzidos são altamente contaminantes quando em contato com o solo, a água e o ar.
Você sabia que esses dejetos quando descartados em cursos d’água promovem a eutrofização? E que esse fenômeno causa a morte de peixes e torna a água inadequada ao consumo, seja humano ou animal? Além disso, esse dejeto torna o solo improdutivo e favorece o aquecimento global.
Diante desse cenário, a suinocultura passou a ser uma referência no emprego de tecnologias que melhoram a relação do produtor com seu entorno. Uma produção sustentável nos remete à utilização de todos os recursos de forma racional. Em se tratando de meio ambiente, o uso coerente dos recursos naturais adquire maior proporção.
Você sabia que as tecnologias permitem que resíduos altamente impactantes ao meio ambiente, sejam fonte de renda e de sustentabilidade para o seu empreendimento?
A utilização excessiva da água traz consequências negativas para o meio ambiente e para o empreendimento com suínos. Esse excesso promove o aumento de resíduos (água residuária) e a dispersão da matéria orgânica nos efluentes. Como consequência teremos maior custo de tratamento dos dejetos e maior uso de recursos hídricos.
Outro exemplo é a utilização de rações formuladas com os melhores padrões científicos e fornecida de maneira adequada. Essa estratégia proporciona menores volumes de dejetos e menor excreção de nutrientes.
Nossa atuação não deve se concentrar apenas na fase posterior à geração dos dejetos, mas em todo o ciclo da suinocultura. Inicia no uso dos insumos, nos planos de gestão da água e rações. Posteriormente, no uso de tecnologias para o tratamento de dejetos produzidos.
Com relação às soluções tecnológicas para tratamento dos dejetos suínos, podemos destacar a biodigestão anaeróbia (sem a presença de oxigênio) da matéria orgânica realizada dentro de um reator (biodigestor), sendo os produtos finais o biogás e o biofertilizante.
Os produtos dessa solução tecnológica são fontes de renda para o produtor. Portanto, os resíduos que podem causar danos ambientais, quando devidamente tratados, podem se tornar agentes de sustentabilidade ambiental e economia.
Qual a importância do controle do consumo de água na suinocultura?
A escassez de água no mundo, as alterações climáticas, o aumento das demandas humana e agrícola exigem nova posicionamento diante dos estudos do uso racional da água. A aplicação de controles na demanda da água é imprescindível para manter a atividade de produção animal de forma sustentável.
Como promover a sustentabilidade na suinocultura com o uso da água?
Um dos maiores problemas em relação ao consumo de água na suinocultura refere-se ao desperdício. O aumento do consumo de água pela granja nem sempre é devido à maior ingestão pelo animal. Ocorre pelo desperdício ocasionado por uma série de fatores. Podemos destacar o manejo e o tipo de bebedouros, altura, a má localização, as falhas de funcionamento, o ângulo de instalação inadequado dos equipamentos, entre outros.
Bebedouros
Existem no mercado diversas opções de bebedouros que devem ser avaliadas em suas características e benefícios para cada categoria de suíno . Segundo Tavares (2012), o equipamento ideal oferece água limpa, fresca e com desperdício mínimo, com volume pretendido a uma velocidade baixa. As necessidades hídricas dos suínos nas diferentes fases produtivas estão bem descritas na literatura
Variáveis recomendadas conforme o tipo de bebedouro
De acordo com a Embrapa Suínos e Aves, os bebedouros do tipo chupeta devem ter sistema de regulagem de altura. Os mesmos precisam ser posicionados sempre 5 cm acima da altura do dorso dos suínos. Além disso, deve atender a relação de dez suínos por bebedouro nas fases de creche, crescimento e terminação (COSTA et al., 2000).
Entenda mais sobre o assunto no vídeo abaixo:
Captação da água da chuva para limpeza das instalações
A utilização de sistemas para coleta de água da chuva por meio da captação via telhado e escoamento da água captada por calhas, passando por filtros, antes da armazenagem em cisternas, é prática recomendável por diversas razões.
No uso da água da chuva para limpeza das instalações, não deve existir preocupação com a qualidade da mesma. O simples descarte das primeiras chuvas e o uso de um sistema simplificado de filtragem para retirada dos sólidos grosseiros já compreendem manejo adequado.
Uso de cisternas na suinocultura para dessedentação
Quando se pretende usar a água para dessedentação dos animais é necessário garantir a qualidade da mesma. Isso é possível por meio de filtragens com a retirada do material grosseiro e de matéria orgânica. A cisterna deve ser mantida limpa, sem penetração de raios solares e sem entradas para qualquer material ou tipo de água que não seja a captada pelo telhado; sendo que análises da qualidade da água devem ser feitas com frequência.
As etapas que possibilitam o uso correto do aproveitamento da água de chuva na produção de suínos são:
- Identificação de demanda de água na produção de suínos;
- Dimensionamento da cisterna em função da demanda de água para a produção animal e a área de telhado disponível para captação;
- Construção: avaliação das necessidades para escolha da cisterna e do modelo do sistema de captação;
- Desinfecção: tratamento básico com cloração para possibilitar o uso na dessedentação animal.
Qual a importância do controle da ração?
Na produção de suínos, em função da alta concentração dos rebanhos, os dejetos podem exceder à capacidade de absorção dos ecossistemas locais. Esse fato leva a um alto potencial de poluição e de problemas de saúde.
Segundo Schultz (2007), em termos comparativos, a geração de dejetos suínos corresponde a quatro vezes o equivalente populacional humano. Isto significa que uma criação com 1.000 animais em terminação corresponde a uma cidade de 4.000 habitantes. A criação com 5.000 matrizes em ciclo completo equivale a uma cidade de 20.000 habitantes.
Os dejetos produzidos pelos suínos, e por qualquer outra espécie animal, são consequência da quantidade dos nutrientes fornecidos na dieta. Portanto, os nutricionistas podem contribuir para a solução da poluição ambiental pelos dejetos suínos. Isso por conta de dietas formuladas para menor excreção de nutrientes e utilizadas em sistemas de produção que operam com o conceito de produção mínima de dejetos (LIMA, 2007).
Como promover a sustentabilidade com o consumo de ração?
O Electronic Sow Feeding (ESF) como é conhecido o Sistema de Alimentação Eletrônica permite o fornecimento preciso da quantidade de ração que cada matriz necessita sem desperdício. Isso permite um ganho ambiental expressivo se comparado com sistema de alimentação tradicional de reprodutoras suínas.
Neste sistema o nutricionista formula a dieta de acordo com a necessidade da fase de gestação. Além disso adequa a quantidade fornecida por animal conforme a ordem de parto, fase gestacional, peso vivo (DIAS; SILVA; MANTECA, 2014).
Esse modelo é muito utilizado em países europeus por razões do bem-estar animal, mas tem sido uma opção de escolha para os novos projetos de granjas brasileiras. Além dos benefícios econômicos em termos de racionalização da alimentação e mão-de-obra, permite o fornecimento de alimentos para grandes grupos de fêmeas alojadas coletivamente (DIAS; SILVA; MANTECA, 2014).
É possível aproveitar os resíduos sólidos com sustentabilidade e lucros?
O aproveitamento econômico dos dejetos é um termo mais adequado para o que se convencionou chamar de “tratamento dos dejetos”. Na realidade, em sistemas de produção animal, raramente se utiliza sistemas de tratamento dos efluentes. Utilizam-se tecnologias e sistemas de manejo para aproveitamento ou simplesmente distribuição dos dejetos no solo.
Nesse sentido, a cadeia de produção de suínos procura alternativas que reduzam o impacto ambiental e o custo com esse manejo. E também agreguem valor a esta matéria prima de alta qualidade.
Entenda como aproveitar os resíduos sólidos de forma sustentável e com lucros
Os relatórios apontam a produção animal como uma das principais emissoras de GEE. Isso motiva movimentos populares para a redução e exclusão do consumo de carne. Esse impacto da atividade pode ser eliminado pela adoção de métodos de processamento dos dejetos como a biodigestão.
O biodigestor anaeróbio promove o processo de biodigestão anaeróbia e com isso contribui com a sustentabilidade. Esse equipamento é responsável por diminuição dos GEEs, tratamento dos dejetos e por ganhos econômicos. Após o processo, há a formação de dois produtos: o biogás e o biofertilizante. O biogás é fonte de energia térmica e elétrica e o biofertilizante é fonte de adubo orgânico.
Fonte:
Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Suinocultura de baixa emissão de carbono: tecnologias de produção mais limpa e aproveitamento econômico dos resíduos da produção de suínos. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Mobilidade Social, do Produtor Rural e do Cooperativismo. – Brasília : MAPA, 2016.