O desmatamento na Amazônia é a conversão da floresta em outras formas de uso da terra, como pastagens, agricultura e mineração. Esse processo tem aumentado nas últimas décadas e traz sérios prejuízos para o meio ambiente e para a sociedade. Alguns dos principais problemas causados pelo desmatamento na Amazônia são: perda de biodiversidade, alterações climáticas, emissão de gases de efeito estufa, degradação do solo, impactos na saúde humana e conflitos socioambientais. Esses problemas afetam não apenas a região amazônica, mas todo o Brasil e o mundo, pois a Amazônia é responsável por regular o clima, o ciclo da água e a segurança alimentar em escala global
Entretanto, a Amazônia é a maior floresta tropical do mundo e oferece à humanidade diversos serviços ambientais, que são os benefícios que a natureza proporciona para o bem-estar das pessoas e do planeta. Entre esses serviços, destacam-se a regulação do clima, a regulação hídrica e a conservação da biodiversidade. A floresta produz umidade que forma as chuvas e sequestra carbono da atmosfera, evitando o aquecimento global. A floresta também recicla a água da chuva e transporta essa umidade para outras regiões, influenciando o ciclo da água em grande parte do continente. A floresta ainda abriga a maior diversidade de espécies de plantas e animais do mundo, sendo fonte de alimentos, medicamentos e outros produtos
A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo, abrigando uma rica biodiversidade e fornecendo serviços ecossistêmicos essenciais para o clima, o ciclo da água e a segurança alimentar. No entanto, essa riqueza natural está ameaçada pelo desmatamento na Amazônia, que é a conversão da floresta em outras formas de uso da terra, como pastagens, agricultura e mineração. O desmatamento na Amazônia tem causado perda de habitat, emissão de gases de efeito estufa, redução da chuva, aumento do risco de incêndios e conflitos socioambientais.
Aumento do desmatamento em 2021
Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), órgão do governo federal responsável pelo monitoramento por satélite da Amazônia, a taxa de desmatamento na Amazônia Legal Brasileira teve um aumento de 21,97% em um ano. O valor de corte raso foi estimado em 13.235 km² no período entre 1° de agosto de 2020 e 31 de julho de 2021¹. Esse é o maior número desde o ano de 2006 segundo as medições dos satélites do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes)¹.
A maior variação percentual entre os 9 estados da Amazônia Legal foi no Amapá, com 62,5%, que passou de 24 km² desmatados para 39 km². Mas, proporcionalmente, o aumento mais expressivo foi no Amazonas: variação de 55,22%, com área total derrubada de 2.347 km² em um ano¹. O Pará foi o estado que mais desmatou, com 5.257 km², sendo responsável por quase 40% do desmatamento na Amazônia Legal¹.
O levantamento é preliminar e será confirmado no primeiro semestre de 2022. Os dados do INPE são baseados em alertas de desmatamento na Amazônia feitos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²) – tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (por exploração de madeira, mineração, queimadas e outras)².
Queda do desmatamento em 2023
Apesar do aumento do desmatamento na Amazônia em 2021, os dados preliminares do INPE mostram uma tendência de queda em 2023. O acumulado de alertas de desmatamento na Amazônia Legal neste ano está em 1.152 km², segundo dados divulgados até o dia 28 de abril pelo sistema Deter². Esse valor representa uma redução de 36% em relação ao mesmo período de 2022³⁴, quando foram registrados 1.798 km².
Essa queda pode ser atribuída a diversos fatores, como a atuação das forças de segurança na Operação Verde Brasil 3, iniciada em maio de 2022 pelo governo federal para combater crimes ambientais na região; a pressão internacional por metas mais ambiciosas de redução das emissões de carbono; e a conscientização da sociedade civil e do setor privado sobre a importância da conservação da floresta³⁴.
No entanto, os especialistas alertam que essa tendência é incerta e pode ser revertida nos próximos meses, especialmente no período seco entre junho e outubro, quando o desmatamento na Amazônia costuma ser mais intenso³⁴. Além disso, os índices permanecem acima da média histórica e ainda estão longe das metas estabelecidas pelo Brasil no Acordo de Paris sobre mudanças climáticas³⁴.
Desafios e compromissos para o futuro
Para enfrentar o problema do desmatamento na Amazônia, é preciso uma ação conjunta e coordenada entre governo, sociedade civil, setor privado e comunidade internacional. Alguns dos principais desafios são:
- Fortalecer o sistema de monitoramento e fiscalização ambiental, garantindo recursos humanos e financeiros suficientes para o INPE, o Ibama e outros órgãos competentes⁵.
- Combater a impunidade e a corrupção nos crimes ambientais, aplicando multas e sanções efetivas aos infratores e recuperando as áreas degradadas⁵.
- Revisar e implementar políticas públicas que incentivem o uso sustentável da floresta, como o Plano Nacional de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm), o Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) e o Fundo Amazônia⁵.
- Promover a regularização fundiária e a demarcação das terras indígenas e quilombolas, reconhecendo seus direitos territoriais e sua contribuição para a conservação da floresta⁵.
- Estimular a economia verde e a bioeconomia na região amazônica, valorizando os produtos e serviços da floresta como fontes de renda e desenvolvimento para as populações locais⁵.
- Engajar os setores produtivos na agenda ambiental, adotando critérios socioambientais nas cadeias produtivas da pecuária, da agricultura e da mineração⁵.
- Ampliar a participação social e o diálogo entre os diferentes atores envolvidos na gestão ambiental da Amazônia, respeitando a diversidade cultural e os saberes tradicionais⁵.
- Cumprir os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil no contexto das mudanças climáticas, como zerar o desmatamento ilegal até 2030 e reduzir as emissões líquidas de gases de efeito estufa em 43% até 2030 em relação aos níveis de 2005⁶.
Na COP26, a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas realizada em Glasgow em novembro de 2021, o Brasil assinou um acordo sobre florestas que prevê zerar o desmatamento na Amazônia até 2030 junto com outros países que abrigam florestas tropicais. O acordo também prevê apoio financeiro dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento implementarem ações de conservação florestal⁶.
Além disso, o Brasil anunciou que vai sediar a COP30 na cidade de Belém do Pará em novembro de 2023. Essa será uma oportunidade para o país mostrar liderança e compromisso com a agenda climática global e com a proteção da Amazônia.
Desmatamento na Amazônia: um problema urgente e complexo
O desmatamento na Amazônia é um problema urgente e complexo que requer uma solução integrada e multissetorial. A preservação da floresta é fundamental para garantir o equilíbrio climático global, a segurança hídrica regional e a soberania nacional. Além disso, a floresta representa um patrimônio cultural e biológico incomparável para o Brasil e para o mundo.
Para evitar que o desmatamento continue avançando sobre a Amazônia, é preciso fortalecer as políticas públicas ambientais; combater os crimes ambientais; promover o desenvolvimento sustentável; valorizar as populações tradicionais; engajar os setores produtivos; ampliar a participação social; cumprir os compromissos internacionais; e investir na ciência e na inovação.
O Brasil tem uma grande responsabilidade e uma grande oportunidade diante do desafio do desmatamento na Amazônia. O país pode se tornar um líder global na agenda climática se souber aproveitar seu potencial
Referências
- (1) Desmatamento na Amazônia tem a maior taxa em 15 anos.
- (2) Desmatamento na Amazônia cai 36% no primeiro quadrimestre, mas segue alto.
- (3) COP 30 na Amazônia reforça urgência do combate ao desmatamento e da agenda de transição energética.
- (4) Desmatamento na Amazônia cai 36% no primeiro quadrimestre.
- (5) Desmatamento na Amazônia tem a maior taxa em 15 anos.
- (6) Desmatamento no Cerrado bate recorde no acumulado do ano, mas Amazônia.